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Fundada em 26 de Abril de 1896, o primeiro hospital de ParnaíbaFoto tirada anos 30 - Foto: Arquivo de Helder Fontenele |
Memória Centenária: a Santa Casa de 121 anos
A data de 26 de abril de 1896 marca a fundação da
Santa Casa de Misericórdia bem como o inicio da acolhida de doentes e
peregrinos em Parnaíba, historicamente com os mesmos ideais de tantas outras
que foram criadas no Brasil. Se ao longo dos anos a atenção na prestação da
saúde pública não foi satisfatória a filantropia em Parnaíba foi essencial e o
torna reconhecida pelos 121 anos de existência da Santa Casa de Misericórdia de
Parnaíba, comemorados neste ano de 2017.
A oportunidade de escrever sobre a história da
Santa Casa deve-se agradecer ao médico Candido Atayde, conhecedor do importante
papel desse hospital na saúde pública de Parnaíba. O conhecimento acumulado
permite narrar trechos históricos da sua criação do funcionamento dessa
instituição. Dele tiramos o nosso raciocínio.
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Nova pintura da Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba (Foto: Helder Fontenele) |
Como afirma o historiador Pierre (Norá, 1978)
quando me pronuncio sobre a Santa Casa é comparada a um monumento que expressa
identidade e apoio dado aos menos favorecidos. Na verdade evidencia saber um
pouco mais pela arquitetura de expressão imperial mais também pelo o que não é
visto, ou seja, a sua idade centenária. Os 121 anos de existência a Santa Casa
trata-se de recuperação de informações fundamental para a reconstrução da
historia da cidade e da trajetória do jurista Manuel Fernandes de Sá Antunes o
idealizador da instalação do hospital em Parnaíba.
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Jornalista e historiador Paulo Afonso Ferreira.
Autor do texto |
Antes da sua fundação, nômades marginais empolgados
pela conquista de liberdade por meio da Lei Áurea viviam como indigentes
atirados nas vias públicas de Parnaíba, o numero foi crescendo operando-se
sobre os libertos o rotulo de perturbadores da ordem. Dr. Manuel Fernandes de
Sá Antunes apanhado pela recorrência da sensibilidade sobre que vinha ocorrendo
no final do século XIX na cidade de Parnaíba, redigiu os primeiros estatutos
usando a base das funções estatutárias de entidades filantrópicas e os ideais
assistenciais da Princesa Leonor e do teólogo Frei Miguel de Contreras de
Portugal e concedeu a Santa Casa o local de amparo.
Para o seu funcionamento foi eleita à primeira
diretoria com nomes que se constituiu entre pessoas de grande valor
representativo e empresarial. Assim foram eleitos: Provedor: Paulo Robert
Singlehurst. Vice-provedor: Dr. Luis Antonio de Moraes Correia, Sub-secretário:
José Alves de Seixas Pereira. Tesoureiro: Antonio Martins Ribeiro. Procurador
Geral: Dr. Manuel Fernades de Sá Antunes. Mordomos: Joaquim Antonio dos
Santos, Joaquim Antonio de Amorim Filho, Egidio Osório Porfírio da Motta,
Manoel Fernandes Marques, Josias Benedito de Moraes, Francisco José de Seixas,
José da Silva Ramos Filho, Dr. Francisco de Correia.
Inicialmente a irmandade esteve alojada numa casa
de uma porta e duas janelas, com essa estrutura a Santa Casa funcionou três
anos sendo obrigada a procurar novo local já que a demanda de pacientes em
pouco tempo superlotou o prédio da Rua Maranhão hoje Darcy Araujo. A
Cerca de um beneficio era necessário encontrar condições de lhe dar com a
diversificação das mazelas por isso foram instaladas novas estruturas físicas,
outras áreas médicas, reforma dos laboratórios, ampliação do quadro funcional
etc. Nessas circunstancias o hospital foi transferido para o edifício do Cel.
Pacífico Castelo Branco, centro, na Av. Álvaro Mendes comprado pelos diretores
funcionando até hoje. A nova estrutura assumia maior responsabilidade junto à
comunidade. Na concepção do jurista o empreendimento precisava manter-se pelo
processo de solidariedade. O estudante João Maria Marques Basto após finalizar o curso de
medicina retornou a Parnaíba para assumir o cargo de diretor médico da Santa
Casa.
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Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba - Foto: Edílson Moraes Brito |
O incremento das internações estimula o
intercambio, por tanto as novas ideias contempla novos serviços disponíveis entre
os quais: anestesiologia, cardiologia, clinica medica, Clinica cirúrgica,
eletrocardiograma, ginecologia e obstetrícia, pediatria, psquiatria,
ambulatorial e internação. É nesse ambiente de alteração que a atual diretoria
foi eleita no dia 21 de fevereiro de 2015 até 2018 para dar prosseguimento a
esta luta centenária. O que se observa é a tomada da consciência da
sociedade sobre a relevância e valorização do hospital como forma de
instrumentá-lo dentro do seu ambiente de atuação.
Consolidando-se dificuldades na área da saúde, a
Santa Casa pode ser medida pela consciência de quem está inserido na composição
política e econômica do Estado e entidades estruturais da sociedade. O hospital
possui uma história rica que se conduz na evolução dos favores e auxílios
médicos. A iniciativa de criá-la partiu da elite econômica parnaibana, onde
quer que “haja dor seja física ou moral” á muito tempo foi desconsiderado o
atendimento pautado na condição social, o que nos parece é que desde início a
Santa Casa integra a história dos abrigos que vieram garantir moradia,
mobilização pela esperança. “Quando se fala em abrigar, acolher, somos
remetidos ao princípio ético do respeito ao outro nas relações sociais.
Para respeitar, È necessário reconhecer a presença do outro como igual,
em sua humanidade”. (Rios, 2006, p. 15).
A conclusão que se chega é que a historia da Santa
Casa interage com a internação de pacientes excluídos no meio social resultando
espaço para a situação de abandono. Em Parnaíba o final do século XIX foi marcado
pela instalação da Santa Casa como obra de atitudes individuais garantindo
expectativa de vida aos desamparados em que a saída lhe oferecia consideração,
privilegiando para o seu ajustamento e reajustamento no meio social. O
diagnóstico feito pelos historiadores acerca do lugar de memória pode ser
interpretado como pista para Historia. “Revelou-se, por fim, um conjunto de
desafios e riscos vividos por aqueles que se lançam a investigar a história do
tempo presente”. (GONÇALVES, 2012 P.43).
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Santa Casa de Misericórdia - Lateral e fundos |
Dessa forma a Santa Casa é um espaço que surge para
relembrar a História da filantropia em Parnaíba, por ela pode se pautar uma
nova realidade colocando a função da saúde na pauta de preocupações do poder
publico, e da sociedade civil possibilitando ainda novos olhares para história.
BIBLIOGRAFIA
ATAYDE, Candido Almeida. Relato histórico:
Almanaque da Parnaíba. 1994, nº 61
BAPTISTA, Myrian Veras. Abrigo: comunidade de
acolhida e socioeducação. Instituto Camargo Corrêa. Coletânea abrigar; 1-São
Paulo, 2006.
GONÇALVES, Janice. Pierre Norá e o tempo
presente: entre a memória e o Patrimônio cultural. Históriæ, Rio Grande, 3 (3):
27-46, 2012.
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Prédio do antigo Edifício Cel. Pacífico. Arquivo Helder Fontenelle |
Por Paulo Afonso Ferreira – historiador.
Edição: Jornal da Paranaíba