Ciro Nogueira volta a defender
adiamento (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)
O senador Ciro Nogueira
(Progressistas) voltou a defender o adiamento das eleições municipais deste ano
para 2022. Em artigo publicado nesta segunda-feira (30) no site Poder 360, o
piauiense explica que a grave crise de saúde provocada pela pandemia do novo
coronavírus (Covid-19) inviabiliza a realização do pleito.
CONFIRA, NA ÍNTEGRA, O ARTIGO:
A democracia é uma das maiores
conquistas do povo brasileiro. Por meio do exercício da soberania da vontade
popular, o país avançou nas últimas 3 décadas e alcançou melhorias econômicas,
sociais e plena liberdade de manifestação de ideias e pensamentos.
Foi
justamente por essas conquistas da democracia, é preciso reconhecer, que a
política tradicional sofreu abalos como nunca em sua história. Suas vísceras
foram expostas e a população, com razão, manifestou democraticamente sua
vontade de uma mudança profunda no funcionamento das instituições. A tragédia
do coronavírus não permite qualquer espaço de dúvida na política que possa ser
confundido com omissão.
Sou totalmente favorável ao
adiamento por 2 anos das eleições. Acho que o partido de que sou presidente
nacional, o Progressistas, deveria propor a doação do fundo eleitoral, que é no
valor de R$ 2 bilhões, mais o custo do dia da eleição, que é de mais R$ 2
bilhões, e já que não vai ter demanda na Justiça Eleitoral, nós reduziríamos em
50% o valor dos recursos destinados à Justiça Eleitoral, que atualmente é em
torno de R$ 8 bilhões.
Ou seja, diminuiria para R$ 4 bilhões. Se somarmos tudo,
teríamos recursos no montante de R$ 8 bilhões para doarmos para a saúde de
nosso país. Seria muito mais importante que termos eleições este ano.
A tragédia do coronavírus colocou
as democracias do mundo todo diante de novos e conflitantes desafios. O direito
sagrado de ir e vir, pilar do ambiente democrático, precisa ser relativizado
temporariamente em nome de algo maior e muito mais valioso: a vida humana. A
sobrevivência da humanidade está acima de todos os outros valores. Não há
civilização sem humanidade. Não há democracia sem humanidade. Precisamos fazer
tudo para preservarmos o maior número de vidas e, depois dessa pandemia
sanitária, fazer de tudo para dar suporte aos necessitados – dezenas de milhões
– que serão duramente atingidos pela pandemia econômica de um mundo paralisado em
todas as suas cadeias produtivas.
A política não pode ficar alheia
a isso. Já ficou alheia demais, por muito tempo, e é hora mais que nunca de
estar perto e em sintonia com seus únicos e verdadeiros donos: os eleitores, a
população.
Não fosse o aspecto humanitário
de destinar e concentrar o máximo de recursos possíveis para a única verdadeira
prioridade nacional neste momento, o adiamento das eleições ainda atenderia a
outras necessidades teóricas. Há muito se discute a importância de se unificar
o calendário eleitoral brasileiro, fazendo coincidir todas as eleições, em
todos os níveis, num ano só. A tragédia permite a correção dessa velha e sempre
adiada solução. Também há aspectos da própria dinâmica das eleições, que num
ambiente de pandemia não poderiam ser exercidos na plenitude democrática.
Estamos em plena pré-campanha dos
partidos políticos para divulgação de suas plataformas. Quem prestará atenção a
ideários partidários nesse momento? Ninguém. Os eleitores têm o direito de
tirar o seu primeiro título até 6 de maio. Não poderão fazê-lo porque tudo está
paralisado. Como seriam feitas, em 20 de julho, as convenções partidárias sem a
possibilidade de aglomerações? E a Justiça Eleitoral parada? Reuniões
partidárias para discussão de estratégias: como?
A democracia tem de estar onde
está o povo. Tem de permanecer ao seu lado, ser solidária, com empatia, não
pode se isolar. Essa foi a grande lição das crises que criaram amargor nos
eleitores e os fizeram clamar por uma nova política. Particularmente, como político,
não me agrada ver trincado o calendário eleitoral. Do ponto de vista abstrato
do princípio democrático, não é o ideal. Mas não é hora de abstrações.
É hora
de entendermos a gravidade do momento e a excepcionalidade histórica sem
precedentes dessa tragédia humana, econômica e social. Adiar as eleições é o
mínimo que nós, políticos, temos de fazer em respeito aos nossos eleitores, aos
seres humanos, aos brasileiros e brasileiras.
Fonte: Política Dinâmica - Edição:
Jornal da Parnaíba
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