A
guarita, para os que não a conheceram, era um prédio pequeno e característico
que teve fundamental participação no desenvolvimento da área em que se
localizava. Edificada na década de vinte, ela media cerca de quatro metros de frente
por quatro metros de fundo e tinha uma altura aproximada em oito metros. Era dotada
de um pavimento térreo, onde era guardado o equipamento para a manutenção da
linha de ferro e outro superior, que servia de abrigo para o operador da chave
seletora e desvio de estradas para Cocal ou para a localidade Igaraçu. O
operador zelava o prédio e ainda o curral de animais, de propriedade da Estrada
de Ferro Central do Piauí. O prédio era pontado de amarelo com portas e janelas
verdes e ficava localizado às margens da linha férrea no trecho compreendido
entre as ruas Caramuru, Anhanguera, Princesa Isabel e Três de Maio.
Depois
que a linha do Igaraçu foi desativada o prédio perdeu parte da sua função,
servindo apenas como depósito de equipamentos. Mais tarde, o prédio da guarita
foi usado como porto policial para atuar no combate aos frequentes crimes praticados
naquela região.
Em
torno da guarita surgiram casas de atendimento aos habitantes daquele lugar, formando
o complexo comercial onde se localizavam vários cortiços, os populares cabarés,
com destaque para o “Cabeleira” e a afamada “Figueira”, que faziam atendimento
noturno e eram palco de muitas complicações passionais e até criminosas.
Do
Largo da Guarita iniciava a “Cidade de Tromba” que era o nome como se conhecia
o bairro Santa Luzia, na década de sessenta. Foram construídos o cine Guarita,
o mercado, na Rua São Pedro, o Posto Shell, com o seu característico formato de
“ferro de engomar”, o cruzeiro, no início da rua anhanguera, a sede da amplificadora
São Francisco, de onde eram dedicadas “Páginas musicais” entre os enamorados da
época, que eram proibidos de aparecer em público e, por isso, escondiam-se
atrás de pseudônimos criativos e dedicatórias apaixonadas. Criaram a fama os restaurantes
familiares, que serviam boa alimentação e atrativos para pessoal que apreciavam
o cardápio feito de miúdos de animais.
Na
Rua Princesa Isabel. Próximo à Praça Genésio Pires, ficavam os carros de praça;
jipes prontos para transportar passageiros para os diversos pontos da cidade.
No
início da década de setenta, a Estrava de Ferro Central do Piauí já sofria
forte desinteresse pela linha férrea Teresina-Parnaíba, provocado pela frequência
dos usuários pelo transporte rodoviário, quando foram desativados, muitos
setores da empresa e foram destruídos o curral de animais e a guarita, que estavam
obsoletos.
Tão
importante foi o prédio para a localidade que ainda hoje o bairro São Francisco
é conhecido como Guarita, mesmo depois de muito tempo da demolição do referido
prédio.
Fonte:
Ribeiro, A. R. “Parnaíba - Presente do Passado”. Parnaíba: Ferraz, 2003. P.
97-100. Edição:
Jornal da Parnaíba
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