“Estamos dispostos a
trabalhar”, diz médico cubano que deixou Mais Médicos; Raymel Kessel é um dos 40 médicos cubanos que aguardam pelo dia 3 de janeiro para voltar a trabalhar.
Raimel Kessel, médico cubano que preferiu ficar no Brasil e aguardar abertura de inscrições para médicos estrangeiros |
Enquanto cidades do
Piauí permanecem sem atendimento por falta de preenchimento das vagas do
programa Mais Médicos, médico cubano espera chance de poder voltar a trabalhar.
Raymel Kessel, 39
anos, acompanha o calendário com ansiedade e esperança. Ele é um dos cerca de
40 médicos cubanos do programa Mais Médicos que decidiram ficar no Piauí para
aguardar a chance de serem reintegrados aos quadros de trabalho no país. No
entanto, a espera que só se encerra dia 3 de janeiro - data em que o edital do
programa estará aberto para a inscrição de médicos estrangeiros - deixa o
cenário apreensivo para os profissionais que escolheram permanecer em solo
brasileiro.
Raymel Kessel e o filho, fruto de relacionamento com uma piauiense (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal) |
“O governo deixou as
inscrições para os médicos estrangeiros apenas em janeiro, caso sobre vagas.
Estamos dispostos a trabalhar, mas, do jeito que está acontecendo, as
possibilidades são poucas”, afirma.
Raymel trabalhou no
Piauí, no município de Ilha Grande, Norte do Estado, desde que o programa foi
implantado no país, em 2013. No Estado, o médico cubano formou família e viu
sua presença ser celebrada pela comunidade.
“Eu tinha
experiência de trabalhar em outros países em situação de pobreza, mas a
situação que vi ao começar a trabalhar aqui foi chocante. Muitas pessoas
morando em casas de barro, locais que não tem condição de moradia, pescadores
sem renda fixa, muitos problemas que assustam. Mas desde que cheguei fui muito
bem recebido. Chegou o momento de eu me sentir parte da comunidade. Hoje eu me
sinto em casa”, declara.
O médico conta que o
trabalho de saúde desenvolvido por ele e sua equipe no Posto de Saúde
Governador Mão Santa, no pequeno município do litoral piauiense, alcançava a
comunidade como um todo, desde crianças a idosos. “Fizemos até trabalhos
educativos de prevenção a saúde com crianças, adolescentes, era um prazer
trabalhar para a comunidade”, ressalta.
Agora, no posto de
saúde que o cubano atuava, outro médico já ocupa o lugar após a abertura do
edital para os profissionais brasileiros. Mesmo tendo estabelecido vínculos no
município, onde a poucos quilômetros dali a esposa atua como professora
universitária e o filho de dois anos é criado, ele diz estar disposto a ir a
qualquer lugar do Brasil.
“Não foi fácil
escolher ficar, lá em Cuba tenho meus pais e familiares. Mas hoje me casei com
uma mulher linda, tenho um filho, e eu só quero voltar a trabalhar. Queria
muito que fosse no Piauí, mas estou disposto a ir a qualquer lugar do Brasil”,
finaliza.
Por: Ananda
Oliveira e Glenda Uchôa/Portal O Dia | Edição: Jornal da Parnaíba
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