Tartarugas são encontradas mortas em Luís Correia e biólogos alertam
para lixo jogado na praia. De acordo com o Instituto Tartarugas do Delta, o lixo jogado na praia e
a pesca de arraste na costa piauiense causam a morte de diversos animais, como
tartarugas e peixes-boi.
Tartarugas mortas são encontradas na praia de Atalaia, em Luís Correia. (Foto: Guilherme Bröer/ Arquivo Pessoal) |
Pelo menos sete tartarugas foram encontradas mortas na praia de
Atalaia, na cidade de Luís Correia, a 349 km de Teresina. Os animais já estavam
mortos quando chegaram à praia, e foram enterrados pelos biólogos do Instituto
Tartarugas do Delta. De acordo com o instituto, o lixo despejado na região e a
pesca de arraste contribuem para a morte dos animais.
Em uma publicação em rede social, o designer de interiores Guilherme
Broer contou que encontrou oito tartarugas na praia apenas nesta semana.
“Segunda contei sete tartarugas mortas em Luís Correia, hoje [19] vi uma que
parecia morta, mas estava viva, sem forças de voltar para o mar”, escreveu o
designer nesta quinta-feira (19).
O designer Guilherme Bröer contou que devolveu a tartaruga para o mar, na Praia de Atalaia, em Luís Correia. (Foto: Guilherme Bröer/ Arquivo pessoal) |
O Guilherme contou ao G1 que devolveu a tartarugas encontrada
viva para o mar, mas lamenta não poder saber se ela conseguiu sobreviver.
“Quando pus na água ela nadou, mas ela já estava muito debilitada. É
preocupante, por que a gente vê o trabalho que é feito para elas se reproduzirem”,
disse o designer.
De acordo com a bióloga Werlanne Magalhães do Instituto Tartarugas do
Delta, os animais encontrados são da espécie Chelonia mydas, conhecidas
popularmente como tartaruga verde ou aruanã, que tem hábitos de viver perto da
costa.
Tartarugas marinhas mortas foram encontradas em praias do litoral do Piauí. (Foto: Instituto Tartarugas do Delta) |
Lixo na praia
Werlanne disse que os principais fatores que comprometem a vida desses
animais marinhos são a pesca de arraste e o lixo que é jogado na praia. “Eles
são indicadores ambientais. Eles sinalizam quando o ambiente não está bem”,
disse.
“Um exemplo é quando a maré está seca, e as pessoas vão naquelas
piscinas naturais da Praia do Coqueiro, nos afloramentos rochosos, e deixam
resíduos como canudos, copinhos de plástico. Quando a maré sobe, os animais
ocupam esses afloramentos rochosos e acabam ingerindo os resíduos. Imagine o
animal repetindo esse exercício diariamente”, explicou a bióloga.
Com o lixo dentro do organismo, os animais ficam debilitados e morrem,
e são levados pelas marés para a praia. “Isso é observado a nível nacional. Outros
institutos pelo país têm observado isso.”, disse Werlanne.
“Há uma necessidade de trabalhar mais campanhas ambientais. A gente faz
isso de maneira forte com crianças. Se a gente investir nessa geração, eles
podem ter uma preocupação maior. Estamos sofrendo consequências grandes por
isso”
No dia 8 de julho o corpo de um peixe-boi
foi encontrado na mesma praia. O animal estaria morto há cerca de duas
semanas, e para a bióloga, pode ter morrido ainda na costa do Ceará e sido
trazido pelas marés até o Piauí.
"Temos uma preocupação maior nesse período de alta estação, com o
aumento o numero de pessoas no litoral", disse Werlanne. A bióloga faz um
apelo para que turistas e moradores da região tenha cuidados com o descarte do
lixo. "A mensagem da gente é trabalhar a gestão compartilhada. É um
problema que não é só do poder público, é um problema também da comunidade".
Por Andrê Nascimento, G1 PI | Edição: Jornal da Parnaíba
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