Crise fiscal: buraco nas contas dos estados que o próximo presidente
precisa fechar.
Geraldo Alckmin, candidato oficializado pelo PSDB |
A eleição para o cargo de presidente da República deste ano será um
marco na história do Brasil. Será a primeira corrida ao Planalto após o início
de operações de combate à corrupção, tendo como símbolo a Lava-Jato. Além de
pontos fundamentais no debate político como saúde, segurança e educação, um tema
em especial deve dominar as discussões: a recuperação econômica.
Com alguns estados em situações críticas, caso do Rio de Janeiro, o
candidato que assumir a chefia do Executivo terá que tomar medidas para mudar o
cenário de crescimento baixo, consumo estagnado e atividade econômica instável.
Segundo o presidente do Conselho de Políticas Econômicas da Associação
Comercial do Rio de Janeiro e ex-ministro da Fazenda durante o governo Collor,
Marcílio Moreira, a grave crise fiscal enfrentada pelos estados pode antecipar
um cenário que pode se repetir em nível nacional, caso algumas medidas não
sejam tomadas.
Na visão de Moreira, quem assumir a presidência terá que tomar atitudes
imediatas e efetivas para atrair a confiança dos brasileiros. Apesar das
diferenças de ideologia apresentadas pelos candidatos, retomar a agenda de
reformas deve ser uma prioridade. “A primeira delas é a retomada dos processos
de reformas. E a reforma da previdência é a mais importante. É uma reforma
dificílima em qualquer país. Essas medidas tem que ser tomadas imediatamente
como uma espécie de guia do que se fazer. Um fio de conduta. Mas ela não
precisa ser implementada imediatamente, mas precisa ficar claro que o caminho
foi aberto será seguido com perseverança”, destacou o ex-ministro da Fazenda.Vários
aspirantes ao Planalto tem se manifestado sobre a crise fiscal. Geraldo
Alckmin, candidato oficializado pelo PSDB, comentou em um evento sobre
mobilidade o que planeja fazer para lidar com a questão.
“Eu pretendo agir rápido na questão fiscal, porque quanto mais nós
demorarmos, mais vai crescer a dívida e quem paga é a sociedade, é o povo. Mais
cresce a dívida, mais agrava a situação. O Brasil precisa de investimentos, se
não, não cresce. E para ter investimento, precisa ter confiança. É isso que eu
quero fazer, trazer confiança para o Brasil. O objetivo é recuperar emprego e
renda”, afirmou o tucano.
Henrique Meilelles, ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB |
O ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB à presidência, Henrique
Meirelles, disse que o problema é estrutural, mas ressaltou que os números
melhoraram nos últimos anos. Meirelles relembra que a o PIB chegou a ter quedas
de 3,5% em 2016, e que, quando esteve à frente da Fazenda, o país cresceu em
1%.No ano passado, segundo Meirelles, o crescimento foi de 2,1%, o que gerou
expectativa para um melhor desempenho em 2018. O candidato afirma que os
números podem piorar caso algum candidato "sem experiência" adote
políticas econômicas erradas.
“As razões de que o crescimento deva ser um pouco menor são exatamente
algumas propostas radicais e irresponsáveis de alguns candidatos, que estão
propondo voltar atrás e tudo aquilo que tirou o Brasil da crise e colocou o
Brasil a crescer. No momento em que as pessoas se preocupam com isso, sejam
industriais, empresários, que passam a ter mais cuidado com os investimentos,
falam: ‘Bom, o nosso orçamento para investir no Brasil está pronto, nós vamos
aguardar as definições das eleições, porque tem candidatos aí que propõem
coisas que vão andar para trás. Fazer aquilo que foi feito no governo da Dilma
e levou o Brasil à recessão’. Então existe esse adiamento dos investimentos”,
detalhou Meirelles.
Ciro Gomes, candidato pelo PDT |
Já Ciro Gomes, candidato pelo PDT, avalia que o fim da crise fiscal
depende de reformas. Ele reconhece, por exemplo, que é preciso alterar as
regras da Previdência, mas se diz contrário ao modelo apresentado por Michel
Temer.
“Eu pretendo pôr em debate a questão, mas de forma decente. Um assunto
desta complexidade não pode ser um puxadinho igual tentaram fazer. Tem que
abrir uma ampla discussão com todos os interessados. Trabalhadores,
empresários, Justiça, senadores, deputados, a universidade, enfim... Quem tiver
alguma contribuição a dar, deve ser respeitada essa contribuição e levado em
consideração”, expôs o candidato do PDT.
Jair Bolsonaro, candidato à presidência pelo PSL |
Jair Bolsonaro, candidato à presidência pelo PSL, se disse assustado
com a quantidade de desempregados no Brasil e destacou a necessidade de
incentivar a geração de empregos através do aumento da produtividade.“Quem não
procura emprego há mais de anos também é tido como empregado. São as metodologias.
Este número é assustador, no meu entender. Um presidente da República, um
governador, um prefeito, ele não cria emprego. A não ser que ele abra concurso
ou leve em votação o surgimento de novos cargos comissionados. O que o governo
tem que fazer é não atrapalhar quem quer empreender, quem quer investir, quem
quer produzir alguma coisa”, afirmou Bolsonaro.
A crise fiscal pela qual passa o Rio de Janeiro não é exclusividade do
governo fluminense. Até 2016, os 26 estados e o Distrito Federal somavam um
rombo fiscal de R$ 56 bilhões. Segundo dados do Tesouro Nacional, das 27
unidades da federação, 20 estão no vermelho, o que impacta em serviços básicos,
como saúde e educação, e projetos dos governos estaduais.
Por Raphael Costa | Edição: Jornal da Parnaíba
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