Projeto foi idealizado em 2008 deveria ficar pronta pra a Copa do Mundo
de 2014; A nova previsão para a entrega da primeira fase da obra, segundo a
Fundespi, é 30 de junho de 2018.
Projeto previa piscinas e um estádio, que não serão mais construídos por falta de viabilidade. (Foto: Luiz Gustavo Graça/Arquivo pessoal) |
A obra da Vila Olímpica de Parnaíba, litoral do Piauí, que foi
idealizada em 2008 para servir como centro de treinamento para a Copa do Mundo
2014 e para os Jogos Olímpicos Rio 2016 está, dez anos depois, apenas 35%
concluída. O projeto foi totalmente reformulado depois que o Tribunal de Contas
da União recomendou a suspensão das obras por questionar a viabilidade técnica
e econômico-financeira do projeto.
Inicialmente, a execução da obra ficaria sob responsabilidade da
Fundação de Esportes do Piauí com recursos do Governo Federal. Hoje, apenas a
Fundespi está à frente da execução. Dois projetos foram pensados: um estádio
com capacidade para 35 mil torcedores e valor estimado, na época, em R$ 180
milhões. E uma Vila Olímpica que incluía duas piscinas e nove quadras com custo
previsto inicialmente de R$ 16 milhões.
Para a primeira fase, que inclui a construção de nove quadras, já foram gastos cerca de R$ 3 milhões. (Foto: Divulgação/Fundespi) |
As obras da Vila Olímpica começaram efetivamente em 2012 e pararam em
2014, sendo retomadas apenas no início deste ano, segundo a Fundespi. A obra
ficou parada para readequação do projeto, após vistoria e recomendações do TCU,
que questionou a possibilidade de manutenção e uso efetivo das instalações
planejadas.
Já o projeto do estádio foi totalmente descartado e o contrato
rescindido em 2015. O valor destinado pelo governo federal, pouco mais de R$ 1,3
milhão, foi devolvido pela Fundespi aos cofres da União em 2015, segundo o TCU.
“Essa obra deveria ter sido repensada em seu planejamento, porque ela
realmente foi dimensionada para bem acima do seu território. Para se ter ideia,
a população estimada da cidade e da região é de 300 mil habitantes e o projeto
continha um estádio com capacidade para 10% da população”, disse o presidente
da Fundespi ao G1, Ribamar Filho.
Obra da Vila Olímpica ainda está sendo executada em sua primeira fase. (Foto: José Francisco/Arquivo pessoal) |
Em valores atuais, segundo o presidente, a obra completa da Vila
Olímpica custaria R$ 22 milhões. Com o projeto reformulado, a estimativa é que
custe R$ 7 milhões divididos em duas etapas.
A primeira fase está prevista, segundo Ribamar Filho, para ser
concluída em 30 de junho deste ano. O valor chega a R$ 3 milhões, sendo R$ 1,9
milhão de origem federal e R$ 1,1 milhão de contrapartida do governo do estado
do Piauí. Foram excluídas do projeto uma piscina olímpica e uma piscina de
salto.
“O TCU bateu em cima, porque ia sair muito caro e ia ter uma manutenção
cara. Não tivemos como comprovar a funcionalidade dessas piscinas. Tentamos
ainda uma parceria com a Universidade Federal do Piauí, mas eles não tiveram
orçamento comprovado para manter a obra”, declarou.
Fudanção prometeu disponibilizar até 30 junho nove quadras esportivas no local. (Foto: Divulgação/Fundespi) |
Após a conclusão da primeira fase, os custos mensais estão orçados em
R$ 15 mil para o atendimento de até 400 pessoas por mês. A previsão, de acordo
com o presidente, é disponibilizar para a população até 30 junho nove quadras
esportivas para a prática de vôlei, vôlei de praia, futsal, basquete, tênis,
futevôlei e artes marciais. Inicialmente, a própria Fundespi informou que vai
disponibilizar seis funcionários, entre seguranças e monitores das modalidades
esportivas.
“Para a segunda etapa, com valor previsto de R$ 4 milhões, queremos
entregar para a população um ginásio com capacidade para 1,5 mil pessoas,
estacionamento, pista de atletismo e espaço para a prática de skate. Estamos
finalizando esse projeto, que deve ter licitação lançada no segundo semestre
desse ano e prazo de execução de 12 meses”, disse o presidente.
Com todas as readequações, o presidente avaliou que a melhor solução
foi, de fato, o projeto não ter sido executado como o previsto inicialmente.
“Parnaíba não tem tradição de futebol. Quando a cidade tem um jogo de destaque
reúne 2 mil pessoas. Se tivesse sido feito como planejado, seria mais um
'elefante branco'. O custo em valores atuais chegaria a R$ 300 milhões, não
teria sentido. Aquela ideia de Copa do Mundo deu no que deu nacionalmente. Não
tem quem queira administrar os estádios. Realmente teria sido um problema maior
se tivesse sido feito”, disse.
Segundo a Funadespi a obra estará com quadras prontas para entrega é 30 de junho (Foto: Luiz Gustavo Graça/Arquivo pessoal) |
Atualmente, o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual
apuram a situação da obra. Em nota, o MPF informou ao G1 que ainda
aguarda informações sobre a prestação de contas do projeto e que não pode
informar detalhes do caso.
Leia a íntegra da nota:
Existe um inquérito civil tramitando da Procuradoria da República no
Município de Parnaíba, sob a responsabilidade atualmente do procurador da
República Saulo Linhares da Rocha. Esse inquérito está em fase de análise de
documentação requisitada pelo procurador da República ao Tribunal de Contas da
União, ao Ministério dos Esportes, à Caixa Econômica Federal, à Fundação dos
Esportes do Piauí, à Procuradoria-Geral do Estado do Piauí e à Prefeitura de
Parnaíba. Como os fatos ainda estão em apuração, o procurador não se
manifestará nesse momento.
Já o MPE informou ao G1 que enviou ofício ao TCE em abril
deste ano solicitando informações sobre a prestação de contas da obra. Segundo
o MPE, ainda não houve resposta e o TCE está no prazo para enviar as
informações. Somente com os dados, o MPE decidirá sobre quais providências
serão necessárias. Procurado, o TCE ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Por Maria Romero, G1 PI | Edição: Jornal da Parnaíba
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