A Polícia foi chamada para acalmar os ânimos durante o Mutirão de Catarata realizado pelo governo do estado em Parnaíba; Idosos chegaram a agonizar com sede e fome debaixo da tenda quente.
Mutirão da Catarata em Parnaíba foi muito tumultuado e muitos ficaram sem atendimento no primeiro dia |
O Mutirão de Cirurgias Eletivas, realizado de 15 a
17 deste mês em Parnaíba pela Secretaria Estadual de Saúde, foi tumultuado em
decorrência de uma série de erros, atrasos e atropelos. Logo no primeiro dia,
duas viaturas da Polícia Militar tiveram que ser acionadas até o Centro de
Parto Normal, anexo ao Hospital Estadual Dirceu Arcoverde, para acalmar os
ânimos. As cirurgias estavam marcadas para começarem às 9:00, no entanto, o
médico, único cirurgião da equipe que ficou incumbido de operar 200 pacientes em
três dias, chegou somente às 11:45. "Isso é um absurdo. Anunciam um
Mutirão, mas contrataram apenas um médico para atender toda essa gente”,
protestava uma idosa.
Por volta das 21:00, depois de terem que esperar o
dia inteiro por longas 15 horas debaixo de uma tenda quente e sem almoçar,
pacientes que haviam chegado às 6:00, foram informados de que seriam atendidos
somente os primeiros 15 pacientes da fila restante e que os demais, cerca de
25, deveriam retornar no dia seguinte à fim de esperarem por uma possível
desistência. Foi então que o clima que àquela altura já era tenso, esquentou de
vez. Nervosos, parentes dos idosos passaram a exigir explicações acerca daquela
situação que muitos passaram a denominar de "ultrajante",
“humilhante” e “desumano". Inconformada, a filha de um dos pacientes
chegou a ligar para a polícia, mas em resposta, ouviu que a "PM não
atendia aquele tipo de ocorrência".
Idosos aguardavam em baixo de uma tenta com calor sufocante |
Nesse momento, de acordo com relato da jovem,
o médico cirurgião saiu aos berros exigindo silêncio e ameaçando encerrar os
procedimentos. Foi então que ele se virou para uma componente da equipe
mandando chamar a polícia, que teria chegado em torno de 15 minutos, conforme
relatos da população. Antes disto, porém, de acordo com testemunhas, teria
ocorrido um desentendimento entre o médico e Neres Júnior, um dos coordenadores
do Mutirão.
Contrariado com o caos instalado, o cirurgião
cobrou de Júnior mais organização relatando que “não tinha estudado por vários
anos nos Estados Unidos para passar por aquele tipo de constrangimento e que em
toda sua carreira profissional jamais havia sido submetido a tamanha situação”.
Finalmente, após muita confusão, o pai da garota foi levado para a
triagem na sexta-feira e hoje (17), foi submetido a cirurgia de catarata.
No entanto, diferentemente das cenas ocorridas durante os três dias, na
abertura do programa e no encerramento, o secretário estadual de Saúde,
Florentino Neto (PT), passeou tranquilamente pelo local, chegando a vestir um
jaleco. O fato está estampado na página do político na rede social Facebook.
Pacientes de Luís Correia tiveram prioridade máxima |
“Me senti completamente humilhada e depois que eles
disseram que iriam atender o meu pai, cheguei até a ficar com medo de
propositadamente o prejudicarem porque naquela altura não dava para confiar
mais em nada ali. Falei pra eles que agradecia pelo Mutirão e que entendia que
humanamente era impossível atender todas aquelas pessoas, pois a equipe era
muito pequena, mas queríamos o mínimo de respeito porque temos direito a
saúde”, desabafou a jovem.
Outra grande reclamação dos pacientes de Parnaíba foi em relação a
diferenciação de atendimento entre eles e as pessoas enviadas pela Secretaria
Municipal de Saúde de Luís Correia. Os doentes de catarata de Parnaíba somente
foram atendidos depois que o último paciente da cidade vizinha saiu do centro
cirúrgico, gerando protestos e rumores a cerca dos arranjos camaradas feitos
entre o prefeito de Luís Correia, Kim do Caranguejo e o governador Wellington
Dias e o secretário Florentino Neto, ambos do PT e aliados políticos de Kim.
Já era noite e muitos pacientes ainda nem tinham previsão de atendimento. Foi nesta hora que o tumulto chegou ao ponto de ter que chamar a polícia para acalmar os pacientes que não estavam conseguindo atendimento.
Por Luzia Paula/O Piauí | Edição: Jornal da
Parnaíba
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