Cajueiro da Praia, cidade com 7.500 habitantes, já
registou 114 casos acumulados de janeiro a agosto deste ano.
Sesapi constatou que, mesmo fora do período de reprodução, casos da doença continuam sendo registrados (Foto: Moura Alves/ O Dia) |
O registro de casos de chikungunya no Piauí teve
aumento considerável este ano, em consideração ao mesmo período de 2016.
Segundo a Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi), os números subiram 103,9% e 10
municípios estão em situação de risco, 75 em estado de alerta e 119 em situação
satisfatória devido à incidência do Aedes aegypti. Dentre as regiões mais
críticas estão o Norte e Sul do Estado, como as cidades de Luís Correia,
Parnaíba, Cajueiro da Praia, São Raimundo Nonato, Oeiras, Floriano, entre
outros. O técnico de Vigilância em Saúde da Sesapi, Inácio Lima, explica que a
cidade de Cajueiro da Praia, localizada no litoral piauiense, registou 114
casos acumulados de janeiro a agosto deste ano.
“Levando em consideração que Cajueiro da Praia
possui 7.500 habitantes, então, para essa população, é um número expressivo. Já
consideramos uma alta incidência, sendo caracterizado uma epidemia. Assim como
Luís Correia, que registrou um acumulado no ano de 219 casos, levando em
consideração que a cidade possui 30 mil habitantes, dá uma média de 15 a 20
casos por semana”, fala.
O técnico pontua ainda que o aumento de casos de
chikungunya está relacionado, principalmente, à circulação mais intensa do
vírus nessas regiões, ressaltando que a quantidade de casos de dengue está
recuando (-15%), enquanto os de chikungunya têm avançado.
“Isso acontece devido à entrada recente deste
último vírus no Piauí, que chegou ao Estado há cerca de três anos. As pessoas
já vinham adoecendo de dengue e, uma vez tido contato com o vírus, ele jamais
vai se instalar nas pessoas de novo; enquanto que a chikungunya, as pessoas
estão vulneráveis e quem nunca tinha adoecido está exposto”, destaca.
Inácio Lima enfatiza também que os municípios que
tiveram alta de casos estão sendo acompanhados e monitorados pela Sesapi. Além
disso, estão sendo feitas ações de combate ao mosquito, como utilização de
carros de fumaça e orientações às prefeituras.
Período contribui para aumento de casos de
chikungunya no Piauí
Segundo Inácio Lima, técnico da Vigilância em Saúde
da Sesapi, o período do ano interfere diretamente na reprodução do mosquito
Aedes aegypti - transmissor dos vírus da dengue, chikungunya e zika.
No Piauí, essa reprodução ocorre com a chegada das
chuvas, que é em dezembro e janeiro, e vai até o mês de junho. Este é o período
mais crítico para a incidência dessas doenças, vez que, com a chuva, há mais
oferta e acúmulo de água, cenário propício para o mosquito se reproduzir.
O técnico pontua, contudo, que tem sido uma
novidade a quantidade registrada de casos além do segundo semestre, onde a
incidência de chuva é inferior ao primeiro semestre. “Essas doenças existem
dentro de uma sazonalidade, que é o período que ocorre com mais intensidade.
Quando termina o período chuvoso, a oferta de água reduz, mas ainda sim
observamos que há casos de chikungunya, que permanece persistente em alguns
municípios do Estado. Então, as pessoas precisam ficar atentas, independente do
período de chuva ou seca”, alerta Iná- cio Lima.
Prevenção
Um fato importante destacado pelo técnico da Sesapi
é a participação da população no combate ao Aedes aegypti. Segundo ele, 80% dos
criadouros do mosquito transmissor da doença estão nas residências, acumulados
em jarros, baldes, bacias, caixas d’água e outros depósitos, inclusive no
lixo.
“A população precisa ajudar o poder público, porque
sozinhos não conseguimos contornar o controle do mosquito. É preciso ficar
atento a objetos que podem acumular água porque é ali que ele se reproduz. Mas
não somente as residências, as empresas privadas também precisam fazer sua
parte. Se todos observarem seu espaço, podemos reduzir sua intensidade, porque
a limpeza é determinante no controle do Aedes aegypti”, acrescenta Inácio
Lima.
Conheça os sintomas da doença
Apesar da dengue, chikungunya e zika serem
transmitidas pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti, os sintomas das doenças são
um pouco diferentes. Inácio Lima conta que a diferença básica da dengue para a
chikungunya, além da febre, que é comum nos dois casos, é a presença de manchas
na pele e dores nas articulações.
“Quando as pessoas fazem algum movimento, o corpo
ica dolorido, nos braços, antebraços e pernas, além do inchaço nos pés. E essa
dor articular chega a extrapolar os 90 dias, que é o tempo que os sintomas
deveriam desaparecer, podendo se tornar crônica”, disse.
É comum também febre acima de 39 graus, de início
repentino e dores intensas nas articulações de pés e mãos; pode ocorrer,
também, dor de cabeça e dores nos músculos. Cerca de 30% dos casos não chegam a
desenvolver sintomas.
O tratamento é feito por meio do uso de fluidos e
de medicamentos para a dor, que visam aliviar os sintomas. A maioria das
pessoas se sente melhor em cerca de uma semana, depois que o vírus segue seu
curso. Os cuidados médicos consistem na hidratação, líquidos intravenosos e
terapia de reidratação oral, além de medicamento analgésico.
Por: Isabela Lopes/O Dia | Edição: José Wilson |
Jornal da Parnaíba
Nenhum comentário:
Postar um comentário