Igreja matriz de Nossa Senhora da Divina Graça, padroeira de Parnaíba. |
Por Pádua Marques
Esta semana veio parar em cima de minha mesa de
trabalho um folheto de nome Juntos a Bordo, da Associação Brasileira das
Empresas de Transporte de Passageiros. Publicação dessas que todo dia a gente
encontra pela cidade na mão de todo mundo que quer vender alguma coisa. No
centro de Parnaíba a gente é assediado todo santo dia, principalmente pela
manhã, com aqueles folhetos.
Se fosse dinheiro eu voltava pra casa com a burra
cheia todo final de manhã. Quando não é de consultório de dentista é de revenda
de carros, pneus, loja de perfumes, do Armazém Paraíba, Sebrae, escritórios de
advocacia, consultório de olhos e óticas, Comercial Carvalho, cursinhos disso e
daquilo. Antigamente era de uma vidente, uma sujeita vinda dos cafundós do
Maranhão e que prometia contar tudo sobre sua vida, passado, presente e futuro.
Calcule só.
Porto das Barcas em Parnaíba |
Mas o tal folheto de divulgação da ABRATI, até que
bem confeccionado em quatro páginas, trazia informações interessantes sobre
destinos turísticos, oferecimento de pacotes de viagens, curiosidades sobre
regionalismo, receitas culinárias, essas coisas. Destinos turísticos pra Porto
Seguro, na Bahia, Olinda, Chapada Diamantina em Minas Gerais, Petrópolis, na
região serrana do Rio de Janeiro e até Brasília! Imaginem!
Quem diabos é que tem interesse de conhecer
Brasília numa horas dessas, me diga? E aquele folheto me transportou pra uma
situação que estou de cabeça branca de falar. A Parnaíba como cidade turística
que se meteu a dizer que era, nunca soube e nem sabe até hoje vender seu peixe.
Porto das Barcas em Parnaíba |
Outro dia estava escutando uma emissora de rádio e
ocorreu de estar sendo veiculado anúncio de uma agência de turismo da cidade.
Oferecendo pacotes pra o feriado de 14 de agosto, Dia da Parnaíba. Viagens
turísticas pra Jericoacoara e outras praias do Ceará. Diabo é isso?! Do Ceará,
sim senhor. Achei estranho aquele anúncio. Mas negócio é negócio e um direito
de quem faz negócio! Se alguma emissora de Fortaleza estiver veiculando anúncio
turístico vendendo a Parnaíba até que compensa.
Alguém há de dizer que é implicância minha. Olhando
pelo lado de atrativos naturais e culturais a Parnaíba está como diz o caboclo,
é pebada. E olhe que tem e tinha tudo pra estar no tope da lista. Não tem
atrativos de festas populares, shows, teatros, bibliotecas, museus. Não tem
casario atraente como o que encontramos no interior de Minas Gerais. As lojas
de artesanato ficam numa região decadente, o Porto das Barcas. Bem que poderia
ter uma ou duas dessas lojas na praça da Graça. Que mal podem fazer?
Peças do artesanato parnaibano |
Você não encontra um turista americano, canadense,
belga, italiano, argentino que seja interessado em registrar o casario, as
igrejas, no mercado da Quarenta ou da Caramuru. Não encontra um turista sequer
comprando bilhete pra uma peça de teatro, fazendo compras no calçadão da
Marechal Deodoro. Lá do cais embaixo da ponte eles vão pro delta e de lá
escapolem de volta feito sabonete molhado. As pouquíssimas lojas de artesanato
no Porto das Barcas, mesmo com boas peças, quadros, e tudo o mais estão com as
paredes se esfarelando de podres! Dá medo acontecer uma tragédia!
Fica difícil entender o motivo porque uma cidade
como Pedro II, que meteram na cabeça de dizer que era a Suíça piauiense, tenha
em determinada época do ano um festival que traz artistas renomados. E engraçado, o pessoal daqui vai todo pra lá! A
Parnaíba mal consegue trazer essas bandas de forró que empestam de bobagens as
cidades do Nordeste. O que acontece com essa Parnaíba, meu Deus do céu, que não
consegue limpar esse chiclete seco que grudou na chinela japonesa?
Edição: Jornal da Parnaíba
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