Desta vez, os casos investigados são nas cidades de Teresina (zonas urbanas e rural) e Parnaíba. |
A Febre do Nilo Ocidental voltou a circular no Estado. De
acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi), somente
este ano, foram notificados dez casos e uma morte que pode ter sido causada
pelo vírus. O primeiro caso da doença no Brasil foi registrado no Piauí em
2014. O paciente era um vaqueiro do município de Aroeiras do Itaim que fez
tratamento por cerca de quatro meses, mas ficou quadro de paralisia.
Desta vez, os casos investigados são nas cidades de
Teresina (zonas urbanas e rural) e Parnaíba. Herlon Guimarães, diretor de
Vigilância em Saúde da Sesapi, disse que ainda é precoce afirmar que há um surto
da doença no Estado. O óbito ocorrido no Piauí- provavelmente em decorrência da
Febre do Nilo Ocidental- foi registrado em janeiro. A notificação dos casos
levou a Sesapi a administrar uma série de ações no sentido de barrar a cadeia
de transmissão do vírus.
"Temos que ter cuidado e cautela na demonstração dos
dados. O fato é que precisamos de mais exames para efetivamente comprovar a
presença do vírus no Estado, mas a gente como Vigilância e trazendo a
transparência para toda a população, orientamos que tenhamos cuidado",
alerta Guimarães.
O material sanguíneo coletado nos pacientes revelou a
presença do vírus Febre do Nilo Ocidental, bem como de outros vírus transmitido
pelo mosquito Aedes aegypti.
"Os exames mostraram uma reação cruzada também com
outro vírus. As duas doenças se propagaram nessas pessoas. Isso está cada vez
mais comum no Estado. Vivenciamos, por exemplo, com a dengue e chikungunya. Por
isso, precisamos de exames mais aprofundados para que a gente possa dar mais
uma definição. Em uma única picada, o mosquito pode transmitir os dois
vírus", esclarece Herlon Guimarães.
A febre pode ser transmitida por aves silvestres e
mosquitos e podem afetar outros hospedeiros, como aves, humanos, cavalos e
outros mamíferos.
"A particularidade dessa doença é que ela é
transmitida pelo mosquito Culex, conhecido popularmente como muriçoca/
pernilongo, que pica a ave e consegue transmitir para o homem", reitera
diretor de Vigilância em Saúde da Sesapi que orienta ainda que a população
evite acúmulo de água e redobre os cuidados com o lixo para evitar a
proliferação do mosquito.
Cerca de 10% dos pacientes infectados podem
desenvolver a forma grave da doença
NOTA DA SESAPI:
A Secretaria de Estado do Piauí notificou dez casos suspeitos de Doença
Neuroinvasiva Grave pelo vírus da Febre do Nilo Ocidental. Os casos referem-se
a resultados de exames laboratoriais realizados em 2017, no Instituto Evandro
Chagas(IEC), laboratório referência do Ministério da Saúde. Em todos os exames,
verificou-se reação cruzada (positividade simultânea) com pelo menos um outro
flavivírus, dentre eles: zika, dengue e vírus da encefalite de Saint Louis
(VESL). Dessas notificações, confirma-se um óbito de paciente residente em
Teresina-PI.
Todos os casos têm sido acompanhados pela Secretaria de Estado da
Saúde, que já adotou as providências pertinentes à Vigilância deste agravo,
quais sejam: em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Teresina,
realiza a investigação em campo, que envolve identificação e estudo de vetores;
elaboração de um plano de ação para enfrentamento à doença; e implantação do
Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella como unidade de referência
estadual para diagnóstico e tratamento da Febre do Nilo Ocidental. Além disso,
a Secretaria já notificou o Ministério da Saúde destes resultados que, para
confirmação, necessitam ser referendados por exames mais complexos e
demorados.
Doença de notificação compulsória imediata (em até 24h) em todo o
território nacional, desde 2006, a Febre do Nilo manifesta-se na forma de
encefalite, paralisia flácida aguda ou meningite asséptica, podendo levar à
morte em 10% dos casos ou deixar sequelas neurológicas em significativa
proporção dos sobreviventes.
A FNO é uma arbovirose causada pelo Vírus do Nilo Ocidental (VNO), cuja
transmissão aos seres humanos ocorre principalmente através da picada de
mosquitos do gênero Culex (muriçoca, pernilongo comum). O mosquito Aedes
albopictus também é considerado um vetor potencial.
A Sesapi mantém as recomendações para medidas de combate à proliferação
de mosquitos já indicadas por conta do risco de transmissão de dengue, Zika e
chikungunya, bem como de minimização da exposição dos indivíduos aos
vetores.
Por Graciane Sousa / Cidade Verde | Edição: Jornal da Parnaíba
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