Em primeiro lugar, NUNCA houve a possibilidade de
não existir o XVII São João da Parnaíba, neste ano de 2017. Afinal, mal acabou
o Carnaval, fui a Teresina justamente para conversar com o pessoal da FEPIQ
sobre o nosso São João. E desde então, a equipe da Superintendência de Cultura
vem trabalhando nisso.
Inicialmente, por sugestão do Prefeito, e nós
concordamos, o evento deveria acontecer em JUNHO e não em julho, como os
anteriores. O que faz todo o sentido, afinal é festa JUNINA. Ninguém deixa para
comemorar o Carnaval em maio, ou o Natal em janeiro, por que mudar as
comemorações do São João, se o dia dos santos, razão da festa, é no mês de
junho?
Em segundo lugar, não foi batido o martelo em nada
ainda, ou seja não há edital. Nós planejamos o concurso do São João tal como
vem sendo feito, mas com o diferencial de um cronograma de arraiais por toda a
cidade, onde os grupos de quadrilhas e bois seriam remunerados para se
apresentarem. No entanto, o edital que preparamos e levamos à Prefeitura, no
dia 24 de abril, para ser publicado no Diário Oficial, cujo concurso seguia
exatamente os mesmos moldes do São João dos anos anteriores, foi recusado pelo Prefeito
Mão Santa. Porque, segundo ele, esse formato de concurso (vejam bem, o FORMATO,
não o concurso) acabou com o São João da Parnaíba. Qual foi a última vez em que
você viu uma quadrilha ou um boi se apresentando nas ruas, na porta das casas,
como era tão comum antes? E aí o poder público dá uma premiação de R$
171.000,00 aos grupos para se apresentarem num único dia de concurso, pois eles
se recusam a se apresentarem pelos bairros (sim, isso foi proposto na primeira
reunião que fizemos com eles e a proposta foi recusada).
Nós podemos não ter a dimensão exata das despesas
de cada grupo, mas entendemos que há grandes gastos. Exatamente por isso, ainda
na reunião feita ontem (05), com a presença do Conselho de Cultura e
representantes de bois e quadrilhas, para discutirmos um novo edital, propomos
um cachê, cujo valor nem foi decidido, porque seria acertado entre nós e os
grupos, de comum acordo, mas seria em torno de R$ 5.000,00, por
apresentação, para os grupos que representam Parnaíba nos festivais fora da
cidade, como um estímulo e agradecimento até, por levarem o nome de Parnaíba
para outras cidades. Essas apresentações seriam feitas segundo um cronograma
que já havíamos preparado, contemplando toda a cidade, por todo o mês de junho.
E, ao final do mês, o concurso.
Não somos contra as quadrilhas e bois estilizados.
Ao contrário. Entendemos a evolução das coisas. Entendemos que a
profissionalização do artista e dos grupos culturais é louvável, é necessária.
E nós estimulamos isso, afinal, um grupo organizado, com CNPJ, pode ter um
projeto aprovado nos grandes editais nacionais. No entanto, queremos abrir
espaço para os grupos menores, tradicionais, que não se enquadram na categoria
dita "estilizada", que é linda e emociona, claro, mas entendemos
também que evoluir não significa necessariamente abandonar as raízes. Por isso
queremos fazer uma retomada à festa junina tradicional, na rua, que se reflete
no tema que escolhemos pro XXVII São João da Parnaíba, que é o cordel. Essa
temática vai permear o conceito, a decoração, as peças gráficas e tudo o mais
que for possível do evento. E essa ideia de retomada é a que temos desde o
início do planejamento, de fazer como no Carnaval, quando toda a cidade foi
contemplada com eventos nas ruas. Isso se chama democratização do acesso. Vejam
o Carnaval e a Via Sacra. No Carnaval, a corte eleita e a Banda Municipal
fizeram uma verdadeira turnê pelos bairros, por todo o mês de fevereiro,
anunciando a grande festa que aconteceria na avenida. Pedra do Sal, Porto das
Barcas, bairros, arrastão de blocos.. teve Carnaval na cidade inteira. Na Via
Sacra, o Prefeito quis reunir os grupos num evento só, e fizemos a Via Sacra
unificada, mas a Prefeitura não foi contra os grupos realizarem os eventos na
sua comunidade. Ao contrário, a Superintendência de Cultura, em parceria com
outras secretarias e órgãos, deu todo o apoio logístico necessário para cada
grupo realizar o seu evento na sua comunidade. E a Via Sacra aconteceu
unificada, mas aconteceu novamente nas comunidades, na cidade inteira.
Democratização do acesso aos bens culturais. Pois a ideia é a mesma para o mês
de Junho e o São João da Parnaíba. Inclusive um mapeamento de escolas e CRAS
que poderão participar já foi articulado com a SEDUC e a SEDESC.
Em nosso planejamento, a Praça Mandu Ladino
(Quadrilhódromo) estará montada durante todo o mês para, paralelamente aos
bairros (e seguindo datas previamente acertadas para não chocar com qualquer
outro compromisso dos grupos) servir de palco para os brincantes das quadrilhas
profissionais, das escolas municipais, das universidades, dos bairros, com
shows musicais e barracas, para fomentar não apenas a cultura de Parnaíba, mas
também a economia local.
Ressalto ainda que a Superintendência de Cultura
trabalha para além dos grandes eventos como Carnaval e São João. Pensamos nos
artistas locais, da música; das artes plásticas e do artesanato, que sequer têm
uma galeria para expor e comercializar seu trabalho; os grupos de dança e de
teatro; as produções no campo do audiovisual, cujo alcance ainda é pequeno na
cidade.
Para concluir, vale reforçar: a Prefeitura e a
Superintendência de Cultura nunca foram contra o São João. Ao contrário. Nós
queremos fazer um São João da Parnaíba melhor, mas melhor não apenas para os
grupos de bois e quadrilhas profissionais, mas para a cidade, o que os inclui.
Queremos que o São João da Parnaíba continue com seu brilho e glamour no
quadrilhódromo, mas que fachos desse brilho cheguem lá no Catanduvas, no Joaz
Souza, no Pindorama, na Pedra do Sal e por toda a cidade.
E eu pergunto de novo, qual foi a última vez em que
você viu uma quadrilha ou um boi se apresentando nas ruas, na porta das casas,
como era tão comum antes?
Teófilo Lima
Superintendente de Cultura de Parnaíba
Superintendente de Cultura de Parnaíba
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