Em 2014, 50,3% do dinheiro arrecadado por
Wellington Dias veio de empresas investigadas pelo MPF
Eleito governador em 2014, Wellington Dias (PT)
recebeu R$ 4,8 milhões em doações oficiais naquele ano, deste total, metade
veio de empresas ligadas e investigadas na operação Lava Jato. As informações
são do próprio Tribunal Superior Eleitoral.
Juntas, UTC Egenharia S/A e Construtora OAS S/A
doaram mais de meio milhão de reais. Mas, a empresa que mais deu
dinheiro para Wellington Dias, e que teve seu nome envolvido com dois
escândalos nacionais, um deles a Lava Jato, foi a Cervejaria
Petrópolis. Ao todo, a dona da marca de cerveja Itaipava doou R$ 1,9
milhão para a campanha do PT no Piauí em 2014.
Somadas todas as doações das empresas ligadas à
Lava Jato, Wellington Dias recebeu delas o montante de R$ 2,45 milhões,
correspondente a 50,3% do total de dinheiro usado na campanha para governador.
BNB e Petrobras: ingredientes de um escândalo
As atividades empresariais da Cervejaria
Petrópolis em nada coincidem com o ramo de atuação das empreiteiras já
denunciadas pela Lava Jato. Entretanto, a IstoÉ denunciou a ligação da
Petrópolis com o esquema de corrupção na Petrobras. Segundo a revista, a
força-tarefa da Operação Lava Jato vai chegar a Walter Faria, o Sr.
Itaipava, dono da cervejaria.
Segundo a delação premiada do executivo Júlio
Camargo, para vencer a disputa pelo afretamento do navio-sonda Petrobras
10000, em 2006, Camargo pagou US$ 15 milhões de propina. O juiz Sérgio Moro e
os procuradores da Lava Jato já sabem que o dinheiro foi depositado pela
Piemont Investment Corp., uma empresa offshore de Camargo localizada no
Uruguai, em diversas contas no exterior, todas elas indicadas por Fernando
Baiano (apontado como lobista do PMDB) e Nestor Cerveró, ex-diretor
Internacional da estatal. “Fernando e Cerveró indicavam as contas que deveriam
receber o dinheiro, mas não sei a quem elas pertencem”, disse Camargo na
delação feita para a equipe do procurador Deltan Dallagnol.
Os documentos revelados pela ISTOÉ mostram que
a conta que ficou com a maior parte do dinheiro foi a Headliner Limited.
Sediada em Lugano, na Suíça, em apenas oito meses a Headliner recebeu US$ 3
milhões de Camargo. Foram três depósitos de US$ 500 mil e um de US$ 1,5 milhão.
A conta Headline, segundo os extratos bancários e declarações de renda obtidos
pela reportagem da revista, pertenceria a Walter Faria, o dono da Cervejaria
Petrópolis.
Segundo o jornalista Mário Simas Filho, fontes no
Ministério Público Federal disseram que a "o fato de a Cervejaria
Petrópolis se tornar um dos maiores financiadores das campanhas do PT é
parte de um milionário tomá-la-da-cá nada republicano."
No começo de 2013, a Cervejaria
Petrópolis conseguiu um empréstimo de R$ 375 milhões no Banco do Nordeste
- BNB para construir uma fábrica na Bahia. A empresa acumulava dívidas de
aproximadamente R$ 400 milhões com a Receita Federal. O empréstimo foi
aprovado pelo BNB com a exigência da apresentação de uma carta-fiança
de outro banco. Desde 2011, Wellington Dias mantém um indicado político no
Banco do Nordeste, trata-se de Luiz Carlos Everton de Farias.
Em abril de 2014, a Cervejaria Petrópolis conseguiu
mais R$ 452 milhões junto ao BNB. Os dois empréstimos haviam sidos realizados
com a carta-fiança de outro banco como garantia, o que, segundo a ISTOÉ, elevou
muito os custos.
Em setembro de 2014, parte da direção do BNB mudou.
Assumiu a presidência Nelson de Souza. Piauiense. Sua indicação teria partido
de Wellington Dias. O fato foi negado por Nelson, mas ele já havia sido
indicado a outro cargo federal, o de vice-presidente da Caixa
por Wellingon Dias em 2011.
Com a mudança, em apenas 24 horas a Cervejaria
Petrópolis conseguiu se livrar das cartas fianças e apresentar garantias
que, segundo analistas ouvidos pela ISTOÉ, jamais seriam aceitas por um banco
privado.
Dois dias depois de conseguir alterar as garantias
dos empréstimos milionários, a campanha de Wellington Dias recebeu R$ 950 mil
da Cervejaria Petrópolis. Três dias depois, no dia 22 de setembro de 2014,
outros R$ 950 mil foram transferidos para a campanha, totalizando R$ 1,9
milhões em doações. A empresa tornou-se, de longe, a maior doadora única da
campanha de Wellington Dias.
Os empréstimos do BNB para a Cervejar Petrópolis
são alvos de investigações do MPF e da Procuradoria Geral da
República.
Autor: Fábio de Melo Sérvio/Capital Teresina | Edição: Jornal da Parnaíba
Autor: Fábio de Melo Sérvio/Capital Teresina | Edição: Jornal da Parnaíba
Nenhum comentário:
Postar um comentário