Estabelecimentos privados estão solicitando a
retirada dos equipamentos. Falta de segurança e ações criminosas são os
principais motivos.
Os turistas que pretendem passar as festas de
fim de ano no Litoral do Piauí, nas praias de, Luís Correia ou Cajueiro da Praia,
vão encontrar uma grande dificuldade na hora de sacar dinheiro ou
fazer outras operações financeiras. O motivo é que apenas a cidade
parnaibana conta com agências bancárias e os estabelecimentos privados, que
ofereciam serviços com terminais de autoatendimento, estão solicitando a
retirada dos equipamentos, por causas das constantes ações criminosas.
O último
caso registrado foi no Terminal Rodoviário de Parnaíba no dia 6 deste mês. Seis homens armados
invadiram a rodoviária e explodiram o caixa do Banco do Brasil que
havia sido abastecido no dia anterior. Segundo a assessoria do BB, no início do
ano o estado contava com 80 equipamentos, mas o número reduziu pela metade.
Régis Coutinho, empresário, dono de uma farmácia
que oferece os serviços de caixas eletrônicos há mais de 20 anos, informou que
diante da atual conjuntura já solicitou a retirada dos dois caixas que tem em
seu estabelecimento. Ele contou ainda que o correspondente bancário que possui
também será desativado por conta da insegurança.
“Quando coloquei vi como uma
opção para facilitar a vida dos meus clientes, caixa eletrônico era novidade na
época e acredito que fomos os primeiros da cidade. Antes não tínhamos tantas
ocorrências, mas agora, cada vez perto, com esse último na rodoviária, comecei
a me preocupar. Entrei em contato com o banco para saber que tipo de segurança eles
me ofereciam e quando fui informado que a segurança era de minha
responsabilidade, não vi outra opção a não ser retirar os equipamentos”,
explicou o empresário.
Ao ter um terminal em um estabelecimento é de
responsabilidade do banco a manutenção e abastecimento. A segurança dos
equipamentos deve ser feita pelo proprietário do local.
“O banco
orienta que seja feito um seguro do local, mas as próprias
seguradoras não estão aceitando fazer seguro dos locais que possuem esses
equipamentos. O meu correspondente bancário foi alvo da ação de bandidos ano
passado e quando fui renovar o seguro tive que pagar doze
vezes mais do que pagava. Não tenho condições de pagar para trabalhar e de uma
hora para outra ter o meu estabelecimento todo destruído por causa de uma
explosão. É uma bomba relógio e a saída que eu encontrei, infelizmente, foi
deixar de oferecer o serviço”, contou.
“Os equipamentos ainda estão na
farmácia, mas sem funcionamento, pois eu não aceito mais que seja abastecido,
já até coloquei cartazes informando que serão desativados. A população,
inclusive, já tem conhecimento e nem procura mais. Infelizmente estamos reféns
da violência e da administração pública do Estado que nada faz para mudar a
situação”, desabafou.
Luís Correia e Cajueiro da Praia
Em Luís Correia, há caixas eletrônicos apenas em
uma galeria comercial no Centro da cidade, mas apenas de dois bancos. Não há
equipamentos do Banco 24 Horas, que concentra as principais agências do país.
As opções são restritas também para quem mora ou visita Cajueiro da Praia.
Por lá, há apenas um posto de atendimento do banco Bradesco, na zona urbana.
Na Praia de Barra Grande, um dos destinos mais
procurados nessa época do ano, a opção se restringe aos clientes da Caixa
Econômica Federal, com um terminal instalado na praça do vilarejo.
Caixa eletrônico instalado no terminal rodoviário de Parnaíba ficou destruído após a explosão. O detalhe: Ao lado de um posto policial da PM e outro da Guarda Civil. |
Policiamento
No Terminal Rodoviário de Parnaíba, alvo de ação
criminosa, há um posto que abrigava a Polícia Militar e a Guarda Municipal, mas
está desativado há pelo menos três anos. Segundo o comandante Adriano Lucena, o
policiamento deverá ser reforçado para as festas de fim de ano com
20% a 30% a mais de militares que deverão sair da capital com destino às
cidades de Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia.
"Há pelo menos 19 meses não havia ocorrido uma
ação como essa devido ao trabalho preventivo. Eles (criminosos) só levaram dinheiro de
um dos caixas e acreditamos que desistiram dos outros após o alarme ter
disparado", falou o comandante.
Levantamento do G1
Um levantamento feito pelo G1 mostra que somente
neste ano, no Piauí. As quadrilhas têm atuado quase que da mesma forma: usando
explosivos e detonando cofres e caixas eletrônicos. Este cenário de insegurança
deixa trabalhadores temerosos e na ânsia por investimentos em
segurança.
Os roubos têm sido recorrentes na capital e no
interior. Geralmente, os bandos que atuam nas pequenas cidades, dirigem-se à
delegacia, entram em confronto com os policiais, enquanto outros integrantes
roubam as agências usando explosivos.
Investigações
No Piauí, as investigações seguem com a Polícia
Federal e o Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), da
Polícia Civil. De acordo com o delegado Carlos César Camelo, 60 pessoas já
foram presas de 2015 até novembro deste ano. Ele cobra maior rigor do
judiciário para manter presos os envolvidos nestes crimes.
“Muitas vezes, são
indivíduos que foram presos anteriormente, estão soltos e não deixam muitos
vestígios das ações criminosas. Trabalhamos em um sistema, tudo tem que
funcionar em perfeita harmonia. Se não tivermos a condenação prisional destes
indivíduos vamos ter uma situação cada vez pior”, disse o delegado em
entrevista à TV Clube.
Uma quadrilha formada por cinco pessoas, dois
homens e três mulheres, , em Teresina. Com eles, a polícia apreendeu materiais
usados nos roubos e teve .
Jornal da Parnaíba com informações de Juliana Barros/G1 PI
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