sexta-feira, dezembro 16, 2016

Caixas eletrônicos são desativados no Litoral e vira problema para turistas

Estabelecimentos privados estão solicitando a retirada dos equipamentos. Falta de segurança e ações criminosas são os principais motivos.
Os turistas que pretendem passar as festas de fim de ano no Litoral do Piauí, nas praias de, Luís Correia ou Cajueiro da Praia, vão encontrar uma grande dificuldade na hora de sacar dinheiro ou fazer outras operações financeiras. O motivo é que apenas a cidade parnaibana conta com agências bancárias e os estabelecimentos privados, que ofereciam serviços com terminais de autoatendimento, estão solicitando a retirada dos equipamentos, por causas das constantes ações criminosas. 

O último caso registrado foi no Terminal Rodoviário de Parnaíba no dia 6 deste mês. Seis homens armados invadiram a rodoviária e explodiram o caixa do Banco do Brasil que havia sido abastecido no dia anterior. Segundo a assessoria do BB, no início do ano o estado contava com 80 equipamentos, mas o número reduziu pela metade.

Régis Coutinho, empresário, dono de uma farmácia que oferece os serviços de caixas eletrônicos há mais de 20 anos, informou que diante da atual conjuntura já solicitou a retirada dos dois caixas que tem em seu estabelecimento. Ele contou ainda que o correspondente bancário que possui também será desativado por conta da insegurança.

“Quando coloquei vi como uma opção para facilitar a vida dos meus clientes, caixa eletrônico era novidade na época e acredito que fomos os primeiros da cidade. Antes não tínhamos tantas ocorrências, mas agora, cada vez perto, com esse último na rodoviária, comecei a me preocupar. Entrei em contato com o banco para saber que tipo de segurança eles me ofereciam e quando fui informado que a segurança era de minha responsabilidade, não vi outra opção a não ser retirar os equipamentos”, explicou o empresário.

Ao ter um terminal em um estabelecimento é de responsabilidade do banco a manutenção e abastecimento. A segurança dos equipamentos deve ser feita pelo proprietário do local.  

“O banco orienta que seja feito um seguro do local, mas as próprias seguradoras não estão aceitando fazer seguro dos locais que possuem esses equipamentos. O meu correspondente bancário foi alvo da ação de bandidos ano passado e quando fui renovar o seguro tive que pagar doze vezes mais do que pagava. Não tenho condições de pagar para trabalhar e de uma hora para outra ter o meu estabelecimento todo destruído por causa de uma explosão. É uma bomba relógio e a saída que eu encontrei, infelizmente, foi deixar de oferecer o serviço”, contou. 

“Os equipamentos ainda estão na farmácia, mas sem funcionamento, pois eu não aceito mais que seja abastecido, já até coloquei cartazes informando que serão desativados. A população, inclusive, já tem conhecimento e nem procura mais. Infelizmente estamos reféns da violência e da administração pública do Estado que nada faz para mudar a situação”, desabafou. 
Luís Correia e Cajueiro da Praia
Em Luís Correia, há caixas eletrônicos apenas em uma galeria comercial no Centro da cidade, mas apenas de dois bancos. Não há equipamentos do Banco 24 Horas, que concentra as principais agências do país. As opções são restritas também para quem mora ou visita Cajueiro da Praia. Por lá, há apenas um posto de atendimento do banco Bradesco, na zona urbana.

Na Praia de Barra Grande, um dos destinos mais procurados nessa época do ano, a opção se restringe aos clientes da Caixa Econômica Federal, com um terminal instalado na praça do vilarejo.
Caixa eletrônico instalado no terminal rodoviário de Parnaíba ficou destruído após a explosão. O detalhe: Ao lado de um posto policial da PM e outro da Guarda Civil.

Policiamento
No Terminal Rodoviário de Parnaíba, alvo de ação criminosa, há um posto que abrigava a Polícia Militar e a Guarda Municipal, mas está desativado há pelo menos três anos. Segundo o comandante Adriano Lucena, o policiamento deverá ser reforçado para as festas de fim de ano com 20% a 30% a mais de militares que deverão sair da capital com destino às cidades de Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia.

"Há pelo menos 19 meses não havia ocorrido uma ação como essa devido ao trabalho preventivo. Eles (criminosos) só levaram dinheiro de um dos caixas e acreditamos que desistiram dos outros após o alarme ter disparado", falou o comandante.

Levantamento do G1
Um levantamento feito pelo G1 mostra que somente neste ano, no Piauí. As quadrilhas têm atuado quase que da mesma forma: usando explosivos e detonando cofres e caixas eletrônicos. Este cenário de insegurança deixa trabalhadores temerosos e na ânsia por investimentos em segurança.

Os roubos têm sido recorrentes na capital e no interior. Geralmente, os bandos que atuam nas pequenas cidades, dirigem-se à delegacia, entram em confronto com os policiais, enquanto outros integrantes roubam as agências usando explosivos.

Investigações 
No Piauí, as investigações seguem com a Polícia Federal e o Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), da Polícia Civil. De acordo com o delegado Carlos César Camelo, 60 pessoas já foram presas de 2015 até novembro deste ano. Ele cobra maior rigor do judiciário para manter presos os envolvidos nestes crimes. 

“Muitas vezes, são indivíduos que foram presos anteriormente, estão soltos e não deixam muitos vestígios das ações criminosas. Trabalhamos em um sistema, tudo tem que funcionar em perfeita harmonia. Se não tivermos a condenação prisional destes indivíduos vamos ter uma situação cada vez pior”, disse o delegado em entrevista à TV Clube.

Uma quadrilha formada por cinco pessoas, dois homens e três mulheres, , em Teresina. Com eles, a polícia apreendeu materiais usados nos roubos e teve .

Jornal da Parnaíba com informações de Juliana Barros/G1 PI

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