A história da humanidade tem naufrágios que
ultrapassaram os tempos, como o do cônsul Pompeu voltando da África para Roma.
No Brasil a Bahia nasceu do naufrágio do valente aventureiro Caramuru. Perdemos
o bispo Sardinha nas costas do nordeste. E na história universal o Titanic, o
supernavio afundado. Nesta semana mais um naufrágio veio para carimbar a
história da política brasileira. Depois de 30 anos de belas vitórias, muitas
loucuras, falcatruas e numerosas prisões, o PT naufragou de norte a sul do país.
Não sobrou nenhuma liderança.
Lula está lá em São Bernardo escondendo-se da
Polícia Federal. Dilma não quer ficar em Porto Alegre, mas fora de lá não tem
onde se esconder. José Dirceu, Palocci, Vaccari, não podem atender o telefone.
Preso não atende telefone. Não sobrou ninguém. Nem o talentoso ex-ministro
Tarso Genro, porque ninguém quer papo com ele.
Perder São Paulo já seria uma derrota dolorosa, mas
compreensível. O que é inexplicável é o PT, depois de tantos mandatos, ser
escorraçado da capital, sem conseguir sequer chegar a um segundo turno. Nem
isso. Foi derrotado, humilhado e ofendido.
O RETRATO – Com exceção do distante, minúsculo
e boliviano Acre, em todos os estados onde tentou disputar alguma coisa foi
varrido pelos eleitores. Não se salvaram nem o Rio Grande do Sul onde já teve
berço e cama. Nem o ABC paulista com seus numerosos sindicatos e alguns outrora
poderosos diretórios políticos e sequer no Nordeste que já foi um dia
proclamado como território sagrado do partido. De tanto esconder-se, dele os
eleitores e as urnas se esconderam. Como a Itabira do poeta, o PT ficou
reduzido a um retrato na parede. Mas como dói.
Algum tempo vai ser preciso, mas logo logo o país
sentirá o alívio que foi o sumiço do PT. Chegará ao fim a ladainha escondida
atrás de discursos demagógicos, explorando a ingenuidade popular. Nunca mais
ninguém dirá que nunca antes na história deste país houve alguém como ele ou
que é mais honesto do que Jesus Cristo.
NOVOS TEMPOS – Parece pressa, mas chegou a
hora. O Congresso tem o dever de começar uma reforma política para ficar pronta
antes de 2018. Houve avanços, mas ainda são poucos. Acabar com o financiamento
empresarial das eleições foi um salto. Mas não basta. É preciso regulamentar o
financiamento individual para que espertos não finjam estar dando dinheiro que
é dele quando não é.
Muita coisa há para reformular. Por exemplo: por
que não começar a discutir um sistema parlamentarista que seja integral ou ao
menos um que seja misto? O país está maduro para esta reforma. Mais urgente
ainda é acabar com o vergonhoso carnaval dos partidos. Cinquenta partidos
(funcionando ou a funcionar) tornam a democracia um fantoche. Eles passam a ser
fundados ou a existirem apenas em função da teta gorda do Fundo Partidário e
dos negociáveis tempos de TV e de rádio.
Mais de 10 partidos já seriam um exagero, e 50?
Tornam-se um sórdido balcão de negócios. É claro que essas coisas não se
implantam do dia para a noite. Mas na hora em que algumas dezenas de
parlamentares sérios, que existem no Congresso, se dispuserem a preparar um
projeto de cláusula de barreira, como existe em todas as democracias, a pressão
da opinião pública virá irresistível. É preciso querer e fazer.
O excelente deputado Miro Teixeira tem tempo, independência e autoridade para começar esta batalha.
O excelente deputado Miro Teixeira tem tempo, independência e autoridade para começar esta batalha.
A escravidão também jamais iria acabar. Mas um dia acabou.
Por Sebastião Nery/Diário do Povo
Um comentário:
O PT Já vai tarde. Tchau queridos. Os próximos serão os governos de alguns estados como o nosso que ainda precisa se libertar.
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