quinta-feira, agosto 04, 2016

Porto de LC: Depoimento à PF sobre Porto causou 'correria'

Quando a Casa Caiu! Novo trecho da delação premiada de engenheiro revela os bastidores que a antecederam. 
Obra parada do porto de Luis Correia - Foto recente
Quando foi contatado pela Polícia Federal, o engenheiro-fiscal da Secretaria Estadual dos Transportes (SETRANS) virou o centro das atenções para alguns dos acusados de integrar a "quadrilha" sobre a qual o Ministério Público Federal (MPF) imputa a responsabilidade pelo desvio de pelo menos 5 milhões de reais do eterno Porto de Luís Correia.

Isso porque o engenheiro-fiscal Anderson Castelo Branco Lopes era justamente quem atestava as medições falsas e tinha um vasto conhecimento dos procedimentos e fatos nada republicanos que levaram à paralisação da continuidade das obras do porto piauiense.

O encontro com a PF, inclusive, acabou por culminar com um acordo de delação premiada celebrado com o MPF e homologado pela Justiça Federal.

LAUDO DA POLÍCIA FEDERAL
Quem tentou insistentemente falar com Anderson foi um dos ex-secretários de Transportes, Alexandre de Castro Nogueira. Queria que o engenheiro comparecesse ao seu escritório. Encontro que acabou não ocorrendo, apesar das inúmeras insistências.

Outro que, sem sucesso, tentou contatar o engenheiro foi o também ex-secretário de Transportes Luciano Paes Landim, mais um enrolado na ação penal que tramita na Justiça Federal em Parnaíba e segue com 12 réus, incluindo o delator. 
Obra parada do porto de Luis Correia - Foto recente
UM CD, UM RECADO ESCRITO, UM E-MAIL, VÁRIOS TELEFONEMAS
Segundo a delação do engenheiro, o advogado Alexandre, através de um terceiro, chegou a deixar “sob a porta do apartamento do declarante um CD, no interior de um envelope com as inscrições manuscritas: 'Anderson, é fundamental você ler e estudar este laudo [da Polícia Federal]. Por favor, assim que puder me liga. Preciso falar com você urgente. Andros'”.

Já Luciano Paes Landim mandou um e-mail para aquele que seria o futuro delator da Polícia Federal, dizendo que precisava falar com ele.

O material foi parar nas mãos da PF.
Obra parada do porto de Luis Correia - Foto recente
VEJA ESSES TRECHOS DA DELAÇÃO
“(...) Que depois que recebeu intimação da Polícia Federal para comparecer a esta audiência, recebeu ligações telefônicas de Alexandre de Castro; Que numa primeira ligação, Alexandre de Castro afirmou que recebera o laudo da Polícia Federal e precisava conversar com o declarante; Que Alexandre de Castro convidou o declarante a comparecer ao seu escritório de advocacia, ao que o declarante confirmou, mas de fato não compareceu; Que dois dias depois, Alexandre de Castro novamente ligou para o declarante e lhe informou que Andros Raquel o procuraria para tratar do laudo da Polícia Federal; Que Andros Renquel, que trabalha no escritório de Alexandre de Castro, ligou diversas vezes para o declarante, que se recusou a atender às chamadas, Que Andros Renquel deixou sob a porta do apartamento do declarante um CD, no interior de um envelope com as inscrições manuscritas “ANDERSON, É FUNDAMENTAL VOCÊ LER E ESTUDAR ESTE LAUDO. POR FAVOR, ASSIM QUE PUDER ME LIGA. PRECISO FALAR COM VOCÊ URGENTE. ANDROS”, documento que nesta oportunidade apresenta à autoridade policial; Que no final de semana, recebeu e-mail de Luciano Paes Landim, com o seguinte texto “preciso falar com você”; Que sua esposa srª Verônica Castelo Branco, recebeu ligações do engenheiro Heitor Gil Castelo Branco, dizendo que precisava falar com o declarante na quinta-feira; Que Verônica afirmou que era impossível, em razão de trabalhos que estavam sendo desenvolvidos pelo declarante (...)”.


Por Rômulo Rocha/180graus | Edição: Jornal da Parnaíba

Nenhum comentário: