quarta-feira, maio 29, 2013

Parnaíba e a Virgem de Monserrathe

Imagem original de N. S do MonteSerrathe em porcelana
vinda de Portugal encontra-se no altar da Igreja de Nossa
Senhora do Monte do Carmo, localizada na Praça
Irmão Dantas, em Piracuruca – Piauí.
O Coronel Pedro Barbosa Leal, Sertanista baiano, era filho do Capitão Pedro Barbosa Leal e Dona Maria dos Santos, membros de influentes famílias baianas na época de ouro da Bahia no Brasil-Colônia.

O Coronel Pedro Barbosa Leal integrou a poderosa organização de bandeirantes Casa da Torre, principal  responsável pelas penetrações nos sertões  dos atuais estados da Bahia, Sergipe, Piauí e Maranhão. Excelente administrador econômico, fundou diversas cidades na Bahia e Sergipe, tendo sido o responsável pelo início da exploração econômica das salgas de carne e courama bovina no Piauí, na primeira quinzena de anos no século XVIII.

O sertanista foi casado com Dona Mariana Espinosa. Desse matrimônio, nasceu Úrsula Luísa, em 22 de outubro de 1700, após o casal perder nove filhos que a precederam. Naquela época o casal residia em Salvador, na então Rua Direita das Portas de São Bento, Freguesia da Sé, hoje Rua Chile. Com três semanas do nascimento de sua filha,  temendo o que acontecera com os outros filhos, o casal  levou a criança à igrejinha da ponta de Monserrathe e lá ofereceram-na à Virgem  Santíssima, consagrando-a ao seu santo serviço e poderoso patrocínio, passando a chamar-se Úrsula Luisa de Monserrate.

Solicitação de Pedro Barbosa
O Coronel Pedro Barbosa Leal, era muito rico e poderoso, com propriedades na Bahia, nas Minas Gerais, Sergipe e Piauí. Quando D. Mariana Espinosa ainda vivia , em 29 de abril de 1721, o casal assinou escritura de doação ao Convento do Carmo da Bahia, das terras de Santo Amaro da Contiguiba, termo de São Cristóvão, Sergipe,  deixando todos os seus bens a única herdeira, Úrsula Luísa de Monserrate, inclusive a enorme quantia de  365.000$000. Faleceu em 16 de janeiro de 1734, em Salvador, com idade bastante avançada.

Úrsula Luísa de Monserathe, face a sua riqueza, teve pretendentes para casamento. Mas, rica também de dons naturais e sobrenaturais, e sob o manto de Nossa Senhora de Monserrathe,  preferiu o noviciado canônico, utilizando a sua fortuna na construção do Convento das Mercês, autorizado por D. João V., Rei de Portugal, em 23 de janeiro de 1735.

Ainda noviça, foi nomeada pelo Papa Clemente XII, Superiora e Mestra das Noviças Ursulinas no Brasil, cargo a que foi reconduzida em 24 de setembro de 1724,  solidificando então,   uma das duas raízes da Ordem de Santa Úrsula no Brasil. Os seus restos mortais, estão no Cemitério do Campo Santo, ossuário pertencente ao Convento das religiosas Ursulinas das Mercês, situado na Quadra 13 , nº 1571, Salvador (BA) .
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Pedro Barbosa Leal, ao iniciar a exploração econômica da salga de carne e courama bovina no Piauí, nomeou como seu representante, o pernambucano João Gomes do Rego Barros, que passou a ser o seu Capitão-Mor na Vila Nova , surgida  das  primeiros moradias existentes às margens do Iguará, braço do rio Parnaíba. Essa localidade teve como patrona religiosa Nossa Senhora de Monserrathe, santa de devoção do  seu fundador, que para o seu culto solicitou e obteve a autorização em 11 de junho de 1711, para erigir a igrejinha ainda hoje existente na rua Duque Caxias, na área do Porto das Barcas. Tudo isso é história que tem a ver com a Parnaíba de hoje.

Solicitação de Pedro Barbosa 
PHB, 21 NOV. 2009
PRINCIPAIS POVOADORES DA REGIÃO NORTE DO PIAUÍ ENTRE 1711 E 1762

FRANCISCO LOPES
Português chegou ao Piauí por volta de 1700, quando da ocupação ordenada da região norte do estado do Piauí, onde situou fazenda às margens do Riacho Buriti, na hoje cidade de Buriti dos Lopes, onde ainda existem pedras de cantaria que o mesmo mandara vir de Portugal para montagem de “monjolos” destinados ao beneficiamento de cereais. Dentre os seus familiares descendentes, destacou-se José Lopes da Cruz que se casou com descendente de Francisco da Cunha Castelo Branco, português introdutor da família Castello Branco no Brasil.

JOÃO GOMES DO REGO BARROS
Casou-se em primeira núpcia com Anna Castello Branco Mesquita, filha da primeira esposa do português Dom Francisco da Cunha Castello Branco – irmão do Visconde de Castello Branco e 1º conde de Pombeiro - introdutor da família Castelo Branco no Brasil. Foi preposto de Pedro Barbosa Leal, na região deltense do Rio Parnaíba, até  quando, em 1725, o governador de Pernambuco concedeu sesmaria em seu favor, entre as barras dos rios Igaraçu e Parnaíba

MANUEL PERES RIBEIRO
Português que desde 1703, estabeleceu-se na beira do Rio Longá. Em 1720, solicitou a obteve a posse das datas Almas e Santo Antonio da Boa Vista, hoje integradas aos municípios de Joaquim Pires e Esperantina. Foi o 1º Sargento-Mor da Villa de Nossa Senhora de Monserrate da Parnahiba.

Altar com uma réplica de Nossa Senhora do MonteSerrathe
MARIA DO MONTE SERRATE CASTELLO BRANCO
Casou-se com seu cunhado João Gomes do Rego Barros, viúvo de sua irmã Anna Castello Branco Mesquita. Em sua homenagem e por ser a santa de devoção de Pedro Barbosa Leal, proprietário da Vila Nova da Parnaíba, foi erguida a capelinha de Nossa Senhora do Monte Serrate em 1711, nas proximidades do “Cítio dos Barcos”, até hoje existente na Rua Duque de Caxias, na área do Porto das Barcas.

MANUEL MIGUEL
Era o principal dos índios Tremembés, quando em 21/04/1727 recebeu a  concessão da Ilha do Caju.

MANUEL PEREIRA DA SILVA
Recebeu  uma data de terra em 03/08/1727 às margens do Rio Parnaíba.

ANA DE ABREU VILAS BOAS
Recebeu o Sítio de terras  São Geraldo, no Rio Longá em 07/05/1728  e o Sítio Rosário na Freguesia de Piracuruca, em 28/07/1741.

Capela de Nossa Senhora de Monserrathe, primeiro templo
católico erigido em Parnaíba na Rua Duque de Caxias, próximo ao Complexo
Aruitetônico do Porto das Barcas
ANTONIO DE OLIVEIRA LOPES
 Requereu em 10/05/1728, a confirmação da carta patente no posto de Sargento-Mor da Vila de Nossa Senhora do Monserrate, na Parnaíba, em substituição a Manuel Peres Ribeiro que há três anos estava em Portugal.

ANTONIO GONÇALVES
Recebeu o Sítio de terras  “Cercado “ na ribeira do Rio Parnaíba, em 07/05/1728.


JOÃO GONÇALVES PEQUENO
Recebeu o Sítio Bom Jesus na ribeira do Rio Parnaíba,  em 07/05/1728.
     
MARIA PINTO DE AZEVEDO
Recebeu o Sítio de terras São Domingos no Rio Longá, em 07/05/1728.
     

ANTONIO RABELO BANDEIRA
Recebeu o Sítio de terras São Domingos  no Rio Longá e o Sítio Bom Jesus no Rio Parnaíba , em 08/05/1728.
     
FELICIANA DA SILVA
Recebeu  data de terras na beira do Rio  Parnaíba , em 08/05/1728.

FLORÊNCIA CASTELO BRANCO
Recebeu o Sítio de terras Pirangí no Rio Longá , em 08/05/1728.
     

JOÃO RABELO BANDEIRA
Recebeu o Sítio de terras São Paulo na Parnaíba, em 08/05/1728.
    
MANUEL REBELO E SILVA
Recebeu em 09/05/1728.o Sítio de terras Santo Eugênio  às margens do Parnaíba, hoje município de    São Bernardo (MA)

 FRANCISCO CASTELO BRANCO
 Recebeu o Sítio de terras São Remígio, em 09/05/1728.

 FRANCISCO PEREIRA RABELO
 Recebeu uma Data de terras na Parnaíba, em 10/05/1728.

 MARIANA CASTELO BRANCO
 Recebeu o Sítio de terras Légua Grande na Parnaíba, em 10/05/1728.

 PAULO AFONSO
 Recebeu o sítio Vila da Parnaíba, às margens do Rio Igaraçu,  em 12/05/1728.

FRANCISCO VAZ FREIRE
Recebeu uma sorte de terras às margens do Rio Parnaíba em 17/06/1728.

LOURENÇO DE NAZARÉ
 Recebeu o Sítio Piedade na ribeira do Rio Parnaíba,  em 12/04/1730.

FRANCISCO GARCEZ PESTANA
Recebeu  data de terras na beira do Rio  Longá, em 29/04/1730

JOSÉ VIEIRA DE MATOS
Recebeu o Sítio Bom Jesus na  ribeira do Rio Parnaíba,  em 12/07/1730.

JOÃO FERNANDES DE LIMA
Recebeu  data de terras no sertão da Parnaíba, em 32 01/1731.

LUIZ PEREIRA DE ABREU
Recebeu a Ilha das Canárias no Delta do Parnaíba, em 01/04/1735.

MIGUEL DE CARVALHO E SILVA
Recebeu os sítios Campo Largo e Arraial Velho às margens do Rio Parnaíba, em cartas distintas de 04/04/1739. Também recebeu o Sítio Boa Esperança na chapada da Limpeza (Barras de Maratoã), em 13/07/1739.

ANTONIO CARVALHO DE ALMEIDA
Recebeu o sítio Vitória no Rio Longá, em 13/07/1739.

MIGUEL RODRIGUES DA SILVA
Recebeu a propriedade Sítio Novo às margens do Rio Piracuruca, em 20/07/1839.

ANTONIO CARVALHO DE CASTELO BRANCO
Recebeu o sítio Tranqueira às margens do Rio Longá, em 13/07/1739.

FRANCISCO RIBEIRO GUIMARÃES
Recebeu a Fazenda Passagem, no sertão do Longá , em 16/05/1740

MANUEL DELGADO GARCIA
Recebeu a Fazenda São Felipe às margens do Rio Longá, em 16/05/1740.

LOURENÇO DE PASSOS CASTELO BRANCO
Recebeu o Sítio Espírito Santo, em  14/07/1741

JOÃO DA CUNHA DE CARVALHO
Recebeu  data de terras na Freguesia de Piracuruca, em 31/07/1741.

MANUEL DA CUNHA CARVALHO
Recebeu o Sítio Lagoa, no Rio Parnaíba, em 31/07/1741 e o sítio São João na ribeira do Longá,  em 30/08/1745.
Também recebeu em 11/06/1746, o sítio Melancias no Rio Parnaíba (atualmente município de Magalhães de Almeida).

FELICIANA DA SILVA E SAMPAIO
Recebeu em 05/08/1741, o sítio São João às margens do Rio Piracuruca.

FRANCISCO GOMES MESQUITA
Recebeu em 24/07/1742, o sítio São Domingos às margens do Rio Parnaíba.

ANTONIO FERREIRA DE CARVALHO
Recebeu 06/06/1743, o sítio São José na Freguesia de Piracuruca.

BENTO CORREIA DA COSTA
Recebeu em 12/08/1743, o sítio Tinguís na Freguesia de Piracuruca.

TEODÓSIO DOS REMÉDIOS ANTONINO E ANTONIO TAVARES DOS REMÉDIOS
Receberam em 13/09/1743, uma data de terras no lugar Jacareí, freguesia de Piracuruca.

JOSÉ DA MOTA VERDADE
Recebeu em 17/09/1743, a propriedade da Fazenda São Bartolomeu, no sertão do Longa.

DOMINGOS LOPES DE CASTELO BRANCO
Morou na Fazenda Mocambo em 1797, situada às margens do rio de mesmo nome, com 1 negro, 1 índio e 1 mulher.

1744 – Por provisão de 14/10, o Governador e Capitão General de Pernambuco determinou que as sesmarias que viessem a ser concedidas no Piauí não tivessem mais de três léguas. Assim foram expedidas posses.

FRANCISCO TEIXEIRA ALVES
Recebeu em 10/07/1744, uma data na ribeira do Rio Longá.

JOÃO BATISTA VAGONHA
Recebeu em 15/07/1744, o sítio Santana no sertão do Parnaíba.

JOSÉ CARVALHO DE AGUIAR
Recebeu em 25/07/1744, o sítio Jenipapo na ribeira  do Parnaíba.

ANTONIO PINHEIRO DE CARVALHO
Recebeu em 25/07/1744, a Fazenda Inhumas  na ribeira  do Parnaíba.

FRANCISCO TAVARES COELHO
Recebeu em 27/07/1744, uma data na Parnaíba.

INÁCIA MARINHO DE SÁ
Recebeu em 29/12/1745, a Fazenda Piripiri e o sítio Bom Jardim em 20/01/1747, no Rio Parnaíba.

JOSEFA MARIA
Recebeu em 30/11/1746, a Fazenda Poço da Cruz nas matas da Parnaíba.

PEDRO MARINHO DE SÁ
Recebeu 20/01/1747, uma data de terras nos fundos da Faz. São João no Rio Parnaíba.

ANTONIO PEREIRA DE BARROS
Recebeu em 21/01/1747, a Fazenda Jacareí de Baixo na freguesia de N.S. do Carmo de Piracuruca.

DOMINGOS FERNANDES DE LIMA
Recebeu em 30/07/1747, o sítio Boa Vista no sertão da Parnaíba , o sítio São Marcos no em 21/8/1747 e  a data de terras no lugar  Vitória do Morro Grande no rio Parnaíba em 22/08/1747.

JOSÉ ALVARES CARNEIRO
Recebeu em 30/07/1747, o sítio Vargem (atualmente várzea no Buriti dos Lopes) no Rio Parnaíba.

JOSÉ SANTIAGO
Recebeu em 08/05/1750, o sítio Caminho Velho, na ribeira do Parnaíba.

ANTONIO PINTO DE MATOS
Recebeu em 22/05/1750 o sítio Carnaubal e em 23/05/1750 o sítio Caiçara, no rio Parnaíba.

FRANCISCO DA SILVA PEREIRA
Recebeu em 23/06/1750, data de terras no Rio Parnaíba.

JOSÉ VIEIRA DE MATOS
Recebeu em 08/06/1751, o sítio São José, no rio Parnaíba.

1753 – Neste ano, houveram diversos incidentes envolvendo a situação de terras no Piauí, razão pelas quais, a corte nomeou o Des. Manuel Sarmento Maia, ouvidor-geral do Maranhão , para cuidar do problema, substituído posteriormente pelo “ ouvidor-geral da capitania do Pará, Dr. João da Cruz Diniz, que acompanhado de um agrimensor, sindicou os fatos ocorridos , procedendo a novas demarcações e regularizando posses de algumas terras:

VILA DE SÃO JOÃO DA PARNAÍBA
Ao instalar a Vila de São João da Parnaíba, em 18 de agosto de 1762, em ato solene no Largo da Matriz de Nossa Senhora do Carmo em Piracuruca, sede da freguesia, o primeiro governador da Capitania de São José do Piauhy, João Pereira Caldas, mandou lavrar pelo Escrivão das Comissões e Diligências, Manuel Francisco Ribeiro,  documento assinado por moradores da região de Parnaíba, no qual, comprometiam-se em fazer  casas de moradas  na nova villa que Sua Majestade mandou criar no lugar Testa Branca, na beira do rio Igaraçu, próximo ao mar.
 
Entretanto, os moradores  Padre Antonio Rodrigues, Reverendo Lopes Castello Branco, João Lopes Castelo Branco, Diogo Alves Ferreira, José Lopes da Cruz, João Fernandes Roiz de Queiroz, Felix José Pereira, Antonio Gomes da Costa, José Ferreira Nunes, Jacinto Botelho de Siqueira, José da Costa Oliveira, André Coelho Gonçalves, Pedro de Sá e Silva, Leandro Barreiros, Manoel Ferreira Pinto Brandão, Lourenço de Passos Pereira, José Alves Viana, José Antonio Pinto de Azevedo, Gaspar Luís de Sales, José Pereira Montaldo, José da Silva César, Antonio Rodrigues Campos, Tomé Pereira de Araújo, Manoel Barbosa, Sinalde Francisco Delgado Nevasquez, Domingos Barbosa Lima e Jozé, reivindicaram a sede da Villa no lugar Cítio dos Barcos, fato consumado após o relatório de vistoria do diligente enviado pelo Governador a região litorânea.

JOÃO PAULO DINIZ
Nasceu em Portugal e faleceu em Parnaíba. Estabeleceu-se inicialmente na Fazenda Santa Cruz das Pedras Preguiças (Barreirinhas-MA) . Foi arrendatário da Ilha do Caju. Chegou com a família a região norte do Piauí em 28/03/1772. Após a experiência de vencer os obstáculos de algumas cachoeiras existentes no rio Parnaíba, fez chegar até a foz do rio Balsas, uma canoa coberta, carregada de mercadorias à venda na região. Daí,  passou a ser proprietário no Maranhão, tendo fazendas de gado em Pastos Bons (MA),  deixando-as em herança ao seu neto José Pires Ferreira. Estabeleceu oficinas de carne seca  desde a foz do rio Parnaíba até a foz do rio Balsas, com a finalidade de suprir os mercados de Belém (PA) , Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ), firmando-se como administrador da feitoria do Porto das Barcas.Através do mesmo chegaram ao Piauí, o português Domingos Dias da Silva e Manuel Antonio da Silva Henriques, iniciando-se então um período áureo na Villa de São João da Parnahiba. .

.vic.-

Por Vicente de Paula Araújo Silva (Potência)

Edição: Jornal da Parnaíba

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